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As 10 mil palavras

  • Cris Fernandes
  • 20 de ago. de 2017
  • 2 min de leitura

Nuvem de palavras. Montagem: Cris Fernandes

Já parou para pensar em quantas palavras da língua portuguesa você conhece? Essa é uma preocupação muito comum em aprendizes de uma língua estrangeira. Cada quantidade de palavras adquiridas equivaleria a um nível (básico, intermediário e avançado) de aprendizado ou fluência no idioma. Mas essa pergunta não é normalmente feita aos falantes de uma língua materna (a menos que haja um estudo por trás disso).

Segundo Szczesniak, todas as pessoas, mesmo as que não têm formação acadêmica, utilizam ou compreendem pelo menos 10 mil palavras. De acordo com estimativas mais ousadas, elas conhecem no mínimo 50 mil.[1] Quando crianças, temos nossa competência linguística a todo vapor e se estamos precisamente no processo de aquisição da linguagem, incorporamos novas palavras ao nosso repertório diariamente. Depois esse processo decai.

Capa do Dicionário Houaiss.

Os Dicionários são a nossa principal fonte de pesquisa se o assunto é conhecer o significado de uma palavra, regência, forma de escrever ou aplicação em uma frase. Há muitos no mercado: Houaiss, Aurélio, Michaelis. Sem citar os disponíveis na internet. Cada um registra milhares de verbetes. O Houaiss traz, por exemplo, 228 mil, o Aurélio, 435.000. Difícil imaginar que poderíamos aprender tantos verbetes, palavras, definições e aplicações.

Por isso mesmo, não aprendemos. Até porque não seríamos capazes de usar todo esse vocabulário e tampouco ter com quem nos comunicar. Seria como ter um conhecimento inútil!?

Capa do Dicionário Aurélio.

Se você parar para observar, conhecemos praticamente todas as palavras que ouvimos em nosso dia a dia. Exceto pelos casos de regionalismos, cultismos, estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, somos capazes de compreender, quase que plenamente, tudo o que nos é transmitido.

De acordo com o estudo acima citado, experimentos dão conta que as palavras mais utilizadas são armazenadas em áreas acessíveis do nosso léxico mental e as mais raras, por outro lado, ficam alocadas em pontos mais remotos do cérebro. Por isso, nos testes, as palavras de uso frequente eram reconhecidas mais rapidamente do que as menos utilizadas. Será por isso que esquecemos tão facilmente aquelas palavrinhas e expressões em inglês, francês, espanhol e que torna quase impossível aprendermos alemão?!

Por fim, uma curiosidade. A Lexicografia é a área que trata das técnicas de feitura de um dicionário e a Lexicologia é a ciência que estuda e descreve o léxico de uma língua. Será que lexicógrafos e lexicólogos se sairiam melhor em experimentos de reconhecimento de palavras?

[1] A citação foi retirada do estudo Como aprendemos e utilizamos nosso vocabulário, publicado na Revista Ciência Hoje (Vol. 35, nº 207) pelo pesquisador Konrad Szczesniak. Disponível em: http://relin.letras.ufmg.br/shlee/palavras.pdf (Acesso em 20/08/2017).

 
 
 

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