Terra Sonâmbula
- Cris Fernandes
- 9 de jun. de 2018
- 1 min de leitura

Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Essa é a primeira frase do livro Terra Sonâmbula de Mia Couto. Fiquei pensando no sentido dela por algum tempo antes de prosseguir na leitura... Esse é meu primeiro contato com o autor e preciso dizer que já fiquei bastante impressionada. Mas logo na primeira frase? Sim, logo na primeira frase.
A obra conta duas histórias: uma relatada pelo menino Muidinga e o velho Tuahir e outra pelos cadernos escritos por Kindzu. Muidinga foi salvo da morte por Tuahir. O garoto, depois de escapar de seu destino final, acaba perdendo a memória e tudo que conhece do mundo é ensinado por Tuahir. A leitura dos cadernos é o que acalenta os dois, digamos assim, durante a trajetória que seguirão até o final do livro. Além deles, Farida complementa o rol das histórias a serem contadas. Ela tem uma irmã gêmea e, segundo a crença local, gêmeos são uma maldição e uma das duas precisa morrer, mas não é o que acontece.
A atmosfera que os personagens enfrentam é a da guerra civil de Moçambique pós-independência. O livro também é marcado por histórias místicas que trazem uma carga de realismo mágico ao que é relatado. A escrita de Mia Couto é diferenciada, única e o que o eleva ao patamar dos grandes autores. Terra Sonâmbula é repleta de palavras inventadas e metáforas. É preciso ler, portanto, para entender do que estou falando.
Terra Sonâmbula (2015)
Mia Couto
197 páginas
Editora Companhia de Bolso
P.S.: Veja o glossário ao final do livro ;)
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