A amiga genial
- Cris Fernandes
- 24 de jan. de 2018
- 3 min de leitura

A amiga genial – série napolitana da Elena Ferrante é o primeiro livro de um total de quatro. Essa escritora tem sido bastante citada ultimamente por publicar seus livros anonimamente. Ou seja, Elena Ferrante é apenas um pseudônimo. Só esse fato me fez querer lê-la. Em tempos de superexposição, ela ganhou meu respeito. Mas parece que sua identidade foi descoberta (esse ato de rebeldia não sairia impune !?).[1]
Devo confessar que, apesar do enorme sucesso que seus livros têm feito, A amiga genial não me emocionou. A capa, por exemplo, não tem nada a ver com a história. Pelo menos não vi ligação nenhuma. Achei a leitura arrastada até a metade, depois ganha algum fôlego e no fim volta a ser arrastada. Mas colhendo umas opiniões aqui e ali, há quem diz ter amado a leitura.
O livro conta, basicamente, a história de Elena Greco (Lenu), a narradora, desde a infância até a adolescência, e a relação dela com os outros personagens, como Raffaella Cerullo (Lila). Lenu e Lila têm obsessão uma pela outra, embora sejam amigas. Essa perseguição mútua ou competição (velada uma para outra e só conhecida por meio da fala de Lenu) torna o enredo um pouco enfadonho.
O período da infância delas é regado a violência. Os relatos giram em torno de pedradas que alguém levou e de sangue escorrendo (e não exagero!). A relação dentro das famílias também não é diferente. Pode ser que o cenário do pós-guerra, a crise financeira e o ambiente de pobreza sejam os responsáveis por essa postura dos personagens, mas não justificam suas atitudes e posso apenas inferir que os motivos sejam esses, pois o enredo não deixa exatamente claro.
Na adolescência, as coisas ficam um pouco mais interessantes. A cena final, porém, envolve um casamento e um sapato. Sinceramente poderia ter terminado de forma melhor. Não me deu vontade de continuar lendo a série. Emoção zero.[2]
Nada parece ter grandes consequências e há muitos personagens secundários. Todos têm apelidos, o que é algo chato de acompanhar. Os únicos trechos pelos quais tive algum interesse foram aqueles em que Lenu mostra uma abertura de consciência em relação ao mundo que a cerca e ao modo como ela, ainda que rasamente, tenta não ser tragada por ele. Também gostei de ver a questão da educação das mulheres debatida. Mas para por aí.
Dizem que o segundo livro é melhor, compensando totalmente a leitura do primeiro, e que outros livros da autora, como Dias de abandono e A filha perdida são excelentes. É ler para crer (rs). Ah, ouvi dizer que a HBO vai transformar a história em série de TV (!?).
Esse foi o livro escolhido para ser lido em janeiro no meu projeto de leitura.[3]
Caso se interesse por ele (rs), seguem as informações completinhas.
A amiga genial (2015)
Elena Ferrante
331 páginas
Editora Biblioteca Azul
Os outros títulos da série são:
História do novo sobrenome
História de quem vai e de quem fica
História da menina perdida
[1] Fonte: https://www.intrinseca.com.br/blog/2016/10/literatura-sem-vaidade/.
[2] Dizem que esse desfecho é um cliffhanger, ou seja, a história termina em um ponto em que o desenrolar dos acontecimentos fica em suspenso, à espera de uma conclusão, para segurar o leitor, no caso, até o próximo livro.
[3] Em fevereiro, vou de Nossas noites de Kent Haruf.
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