Não me abandone jamais
- Cris Fernandes
- 6 de out. de 2017
- 2 min de leitura

Faz uns quatro anos mais ou menos que isso que contarei agora aconteceu. A cidade era Londres. Devia ser um dia de sábado provavelmente. Sei disso porque era um dia sem aulas, porque passava a maior parte do tempo na rua, perambulando, conhecendo os lugares, gente estranha (no bom sentido) e gente maluca (no mau sentido) e porque tenho ótima memória para certos fatos ;) Entrava em todos os lugares que podia e sentia vontade. Qualquer dia escreverei um texto sobre os meus dias na Inglaterra.
Voltando para a história, tinha acabado de sair da estação de metrô para pegar outra linha, uma que me deixava mais próxima de casa (já era fim de tarde, quase noite), quando notei, do outro lado da rua, uma pequena livraria de esquina. Sendo quem eu sou e por mais que estivesse cansadíssima (também me recordo desse fato), claro que cruzei a rua e entrei. Era uma dessas livrarias pequenas, de bairro, com cadernos coloridos, canetas com cheiro de chiclete no balcão principal e muitos livros empilhados. Lembro exatamente dessa cena, como se fosse uma fotografia. Londres foi marcante. Acreditem!
Entrei pelo corredor da direita, dando a volta até o outro lado. Queria ver tudo da loja. Vasculhei várias prateleiras, procurando alguma coisa que realmente me interessasse. Confesso que compro livros pelo título. Se algum chamasse a minha atenção, já era um indicador para levá-lo. Foi assim que acabei comprando Never let me go/Não me abandone jamais (título forte e sugestivo, não!?) do Kazuo Ishiguro, mais novo ganhador do Nobel de Literatura.
Na época, não fazia ideia de quem ele era (não fazia ideia até duas horas atrás praticamente ;) Acontece (rs). Na verdade, achei que fosse uma tradução (livro escrito em inglês com autor japonês!!) e super fácil de ler (haha). Só que não. Tirei conclusões precipitadas. Se repararem a foto da minha cópia, marquei todas as palavras que não conhecia e eram muitas. O engraçado é que depois nunca pesquisei sobre o autor. Só imaginei, pelo trabalho que deu para ler o livro, que ele não era qualquer autor.
Esse livro tem uma versão para o cinema (a edição que tenho é inclusive com imagens do filme).[1] Como não me impressiono facilmente com os livros que viram filme (?!), vi o filme primeiro e posteriormente li o livro, mas bem depois que já tinha voltado ao Brasil.

Não vou dar spoiler, nem fazer resenhas, mas devo dizer que os dois (livro e filme) são muito bons. Passei, de fato, por todas as emoções esperadas: alegria, tristeza, pesar...
Never let me go também é o título de uma música que está no filme (inspiração para o autor?).[2]
Acho que agora preferiria ter dito que encontrei o Ishiguro em uma livraria de Londres, que tomamos um chá, falamos sobre a vida e que antes de nos despedirmos, ele autografou meu livro e me desejou boa viagem.
[1] Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=sXiRZhDEo8A.
[2] Ouça a música: https://www.youtube.com/watch?v=4UX6tzE7P44. Todos os créditos estão aqui: http://www.cineplayers.com/trilha-sonora/nao-me-abandone-jamais/694. Acesso em: 5/10/2017.
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